quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Quando as crianças se tornam pais à força – troca/inversão de papeis

Muitos são os maus tratos categorizados na nossa sociedade em relação às crianças e jovens, mas recentemente tem vindo uma nova “espécie de mau trato”.
A nossa sociedade tem vindo a mudar no último milénio e com esta mudança alterações importantes. Se pesquisarmos sobre direitos das crianças aparece-nos uma panóplia de direitos: direito à educação, direito à família, direito à alimentação, direito à segurança, direito a brincar.
Mas muitas crianças e jovens são anulados destes direitos em função de uma necessidade maior, tratar dos seus pais. Geralmente são raparigas em idade escolar que deixam a escola em segundo plano para tratar de um dos seus progenitores. Maioritariamente o progenitor do sexo feminino que apresenta problemas com substâncias, doença mental (e.g. depressão) e menos usual doença física.
Esta problemática preocupa não pela participação das nossas crianças e jovens nas tarefas domésticas, mas sim por terem a responsabilidade total dos adultos. A estas crianças é negado o direito de brincar, de terem cuidados por parte de adultos e são eles que tomam contam destes adultos.
Adultos que passam muito tempo acamados, em condições de isolamento, a necessitarem de cuidados físicos e psicológicos. Estas crianças tem que dosear medicamentos, tomar conta das tarefas domésticas, cuidarem da higiene pessoal dos próprios e do progenitor, e enfrentarem as crises a que os progenitores estão sujeitos. Estas crianças nem sempre vão à escola, faltam muito para cuidar dos seus pais. Será que tudo isto não é uma forma de mau trato?
Estas crianças apresentam um discurso e uma experiência com características de adultez, anulam-se no seu papel e começam a deixar de se comportar como tal. É roubada a infância ou a adolescência para zelarem por um adulto. As instituições deveria estar atentos a esta problemática que infelizmente cada vez é mais frequente e muito poucos dados existem.
Não se conhece uma prevalência, uma tipologia nem sequer uma denominação para estas crianças e jovens que perdem o seu direito de serem isto mesmo crianças e jovens, e trocarem de papeis com os seus pais. Estes pais que passam a ser filhos e os filhos que passam a ser pais à força. Deverá existir uma intervenção, um acompanhamento para a infância e adolescência destas crianças seja respeitada.
Espero que a partir desta reflexão comece a ver mais escritos sobre esta problemática e que efectivamente algo seja feito para modificar esta realidade. Por falta de material cientifico não será possível disponibilizar links para futuras consultas.

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